Esse post vai sem foto para que cada um possa criar sua própria imagem olhando
ao redor ou lembrando de como está sua casa. Li o texto na internet e está atribuído a Martha Medeiros. Tentei checar no site do Zero Hora, mas não encontrei nada. De toda forma ficam registrados os devidos créditos e os parabéns ao autor pelo texto tão verdadeiro.
Seu apartamento é feliz?
Há uma regra de decoração que merece ser obedecida: para onde quer que
se olhe, deve haver algo que nos faça feliz!
Dia desses fui acompanhar uma amiga que estava procurando um
apartamento para comprar. Ela selecionou cinco imóveis para visitar, todos
ainda ocupados por seus donos, e pediu que eu fosse com ela dar uma olhada.
Minha amiga, claro, estava interessada em avaliar o tamanho das peças, o estado
de conservação do prédio, a orientação solar, a vizinhança. Já eu, que estava
ali de graça, fiquei observando o jeito que as pessoas moram.
Li em algum lugar que há uma regra de decoração que merece ser
obedecida: para onde quer que se olhe, deve haver algo que nos faça feliz. O
referido é verdade e dou fé. Não existe um único objeto na minha casa que não
me faça feliz, pelas mais variadas razões: ou porque esse objeto me lembra de
uma viagem, ou porque foi um presente de uma pessoa bacana, ou porque está
comigo desde muitos endereços atrás, ou porque me faz reviver o momento em que
o comprei, ou simplesmente porque é algo divertido e descompromissado, sem
qualquer função prática a não ser agradar aos olhos.
Essa regra não tem nada a ver com elitismo. Pessoas riquíssimas podem
viver em palácios totalmente impessoais, aristocráticos e maçantes com suas
torneiras de ouro, quadros soturnos que valem fortunas e enfeites arrematados
em leilões. São locais classudos, sem dúvida, e que devem fazer seus monarcas
felizes, mas eu não conseguiria morar num lugar em que eu não me sentisse à vontade
para colocar os pés em cima da mesinha de centro.
A beleza de uma sala, de um quarto ou de uma cozinha não está no valor
gasto para decorá-los, e sim na intenção do proprietário em dar a esses
ambientes uma cara que traduza o espírito de quem ali vive. E é isso que me
espantou nas várias visitas que fizemos: a total falta de espírito festivo
daqueles moradores. Gente que se conforma em ter um sofá, duas poltronas, uma
tevê e um arranjo medonho em cima da mesa, e não se fala mais nisso. Onde é que
estão os objetos que os fazem felizes? Sei que a felicidade não exige isso, mas
pra que ser tão franciscano? Um estímulo visual torna o ambiente mais vivo e
aconchegante, e isso pode existir em cabanas no meio do mato e em casinhas de
pescadores que, aliás, transpiram mais felicidade do que muito apê cinco
estrelas. Mas grande parte das pessoas não está interessada em se informar e em
investir na beleza das coisas simples. E quando tentam, erram feio,
reproduzindo em suas casas aquele estilo showroom de megaloja que só vende
móveis laqueados e forrados com produtos sintéticos, tudo metido a chique, o
suprassumo da falta de gosto. Onde o toque da natureza? Madeira, plantas,
flores, tecidos crus e, principalmente, onde o bom humor? Como ser feliz numa
casa que se leva a sério?
Não me recrimine, estou apenas passando adiante o que li: pra onde quer
que se olhe, é preciso alguma coisa que nos deixe feliz. Se você está na sua
casa agora, consegue ter seu prazer despertado pelo que lhe cerca? Ou sua casa
é um cativeiro com o conforto necessário e fim?
Minha amiga ainda não encontrou seu novo lar, mas segue procurando, só
que agora está visitando, de preferência, imóveis já desabitados, vazios, onde
ela possa avaliar não só o tamanho das peças, a orientação solar, o estado geral
de conservação, mas também o potencial de alegria que os ex-moradores não
souberam explorar.
Martha Medeiros, em uma coluna da Zero Hora.
Um comentário:
Tb sou a favor de uma casa FELIZ!
Essas casas impessoais não fazem meu tipo,gosto de casa que conta história,acolhe e faz carinho na sua alma!
Não compro um objeto de decoração que seja tendência,mas ´somente os que tocam meu coração,chego a ser kitsch....
o que pra mim é pura felicidade
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